quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Um ano de crise. Comemore!

No último dia 15, o anúncio da quebra do banco Lehman Brothers, nos EUA, completou um ano. A partir daquele 15 de setembro, o mundo sofreu uma enxurrada de novas quebras e resultados negativos tanto de empresas como de países. A maior economia do mundo foi para a UTI e lá permanece até hoje. Embora mostre sinais de que em breve poderá respirar sem os aparelhos, seu estado ainda é grave.

Por outro lado, devemos considerar que, por aqui, a situação anda muito melhor do que poderíamos imaginar. O Brasil foi um dos países que menos sofreu com o tsunami financeiro que inundou o mundo e, apesar da expressiva, porém inevitável queda do Ibovespa, a bolsa brasileira mostrou sua força e hoje opera em números que poucos imaginavam que pudesse ser possível.

Quem não mexeu em suas posições após o início da crise e investiu nas baixas históricas aproveitou o tsunami para surfar a onda dos sonhos de qualquer investidor. A PETR4, por exemplo, que no ápice do colapso chegou a ser negociada na faixa dos R$15,00, hoje gira em torno de R$33,00. Papéis menos líquidos, como a TEND3, também tiveram um desempenho surpreendente e deram muitas alegrias a seus acionistas. A construtora foi uma das que mais subiram nesse período – passou de míseros R$0,76, em novembro de 2008, para atualmente girar na faixa dos R$5,00.

O fato é que crises sempre existiram. E, enquanto o sistema capitalista prevalecer, elas sempre existirão. Portanto, o que nos resta é aprender a lidar com elas. Para você ter uma ideia, desde o surgimento do Ibovespa, em 1968, passamos por nada menos do que 14 crises consideráveis. Há quem diga que a paciência é a maior virtude de um homem e pode ter a certeza de que a mesma regra se aplica ao investidor.

Guarde estas palavras de Alexander Elder, brilhante professor norte-americano de investimentos e autor de diversos livros: “Aprenda a operar e o dinheiro virá como consequência. O treinador de cavalos inteligente não sobrecarrega os potros. O treinamento vem em primeiro lugar, puxar cargas pesadas é um dos resultados almejados”.

Artigo enviado aos assinantes da e-zine InvestMais.

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

As quatro letrinhas e a sabedoria dos eremitas

A primeira lembrança que tenho do jornalismo remete aos meus cinco anos de idade. Era verão e meu pai assistia ao Jornal Nacional sem camisa deitado na cama. Eu brincava fazendo um carrinho passear pela saliente barriga do seu Paulo.

Não lembro ao certo o que estava sendo noticiado, mas havia um repórter ao vivo falando sobre algo muito importante. Não tanto quanto às perigosas subidas e descidas do “Monte Paulo Brotto” é claro, mas eu parei para assistir porque as quatro letrinhas que ficavam no canto superior direito da tela me chamaram demais a atenção. Eu estava aprendendo a ler, e juntar as letras parecia mais fácil quando tomava a saudosa sopa de letrinhas da Maggi.

Fiquei parado olhando para a TV por vários e demorados segundos até ter certeza do que estava escrito. Quando finalmente me convenci de que elas formavam a palavra “vivo” (não queria fazer papel de burro diante do meu temido e barrigudo pai) perguntei:

- Pai, por que tá escrito “vivo” ali na tela?

No fundo, eu ainda tinha dúvidas se eu realmente estava certo, mas arrisquei. Pra minha surpresa meu pai ficou todo orgulhoso e me explicou do que se tratavam as tais quatro letrinhas.

Em minha cabeça de semi analfabeto não entendi porque ele ficou tão feliz por eu saber o que estava escrito na tela. Mas, como toda criança, pra mim o meu pai era a pessoa mais inteligente, sábia e sincera do universo. Fiquei tooodo me achando, larguei meu carrinho e deitei com a cabeça em sua barriga para assistir o jornal – sim, a pança do meu pai era um dos meus brinquedos preferidos.

Do jeito que falo até parece que meu pai era um ser imenso. Que nada, ele era igualzinho ao Super-Homem e jogava bola melhor que o Pelé.

Pronto pai, me redimi!

Enfim, até hoje não sei porque tenho esse momento guardado tão forte em minha memória que tantas vezes me deixa na mão. Daí em diante não me lembro de muita coisa –voila –mas o ponto chave era esse.

Por alguns minutos fiquei hipnotizado pelo o que aquele jornalista tinha a dizer. Estamos falando de 1991. Os links ao vivo não eram muito comuns. E eu fiquei pensando que, naquele momento, o repórter era uma pessoa deveras importante, afinal, se o meu pai – superhomemmelhorqueopelé - olhava para ele com tanta atenção, a coisa devia ser realmente muito séria.

E acho que vem daí a explicação por hoje eu estar aqui sentado escrevendo esse texto piegas e refletindo sobre o trabalho de conclusão do meu amado curso de Jornalismo.

Eu nunca tinha parado para pensar sobre da onde veio o amor por essa profissão, mas acho que encontrei a resposta.

Os sábios eremitas do Monte Paulo Brotto não poderiam estar errados.

De lá pra cá se passaram 18 anos. Como naquele dia com as letrinhas, agora eu levei alguns demorados segundos para fazer essa conta. Infelizmente não herdei a habilidade com os números do meu velho, mas devo a ele uma das maiores alegrias da minha vida - ser jornalista.

É impossível me imaginar fazendo outra coisa senão juntar letrinhas para formar frases.

Pai/tio/porquinho/amigo/vô/coxa-branca Paulo, tenho certeza que isso é uma surpresa pra você, mas, muito obrigado por me ensinar a ser jornalista!

Se não aprendi a entrevistar alguém ou fazer um lead com você, aprendi o que um jornalista precisa ter acima de tudo – ética, coração, respeito, honestidade e amor pelo que faz.

Feliz dia dos pais!

domingo, 26 de abril de 2009

"Jamais houve história mais dolorosa que esta de Julieta e seu Romeu"

Entro nesse espaço hoje porque acho que a peça que vi ontem precisa ser comentada, e por uma mulher.
Antes de falar sobre ela e sobre todas as reflexões que ela gera, falo de mim.
Sou Natasha Schiebel, jornalista e namorada do João Guilherme. Poderia escrever muito mais sobre mim, mas pelo objetivo que me trouxe aqui isso basta...

Uma história de amor é sempre cercada de bons e maus momentos. De desejo, paixão, medos, inseguranças e, principalmente, VONTADE. Vontade de estar com quem se ama. Vontade de que tudo dê certo. Vontade de que aquele sentimento dure para sempre.
E tudo isso estava presente na bela peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Mas nesta história, um outro sentimento, totalmente contrastante com o amor, era muito forte: o ódio.

Pode ser que você esteja pensando: “ela não precisa me contar essa história. Eu sei que existia uma briga entre famílias e o amor entre dois jovens. Ah, e eu sei até como tudo isso acaba...”
Mas não é para contar a história desse romance que eu estou aqui, caro leitor. Assistindo, ontem, a peça "Romeu e Julieta", em cartaz em Curitiba no Espaço Cultural Falec (mais informações no fim do texto), o que mais me chamou a atenção não foi o belo amor entre esses dois, e sim o texto (adaptado por Edson Bueno), que levou os espectadores à intensa reflexão sobre dois sentimentos tão distintos.

Eu me considero uma pessoa romântica e sensível, mas acho que não é preciso ser como eu para no decorrer desta apresentação refletir sobre o mais belo e o mais terrível dos sentimentos humanos.
Em poucos minutos de peça eu já derrubava algumas lágrimas e respondia internamente às perguntas dos atores que nos faziam sentir vivendo na Verona do século XVI. “O que é o amor? O que é o ódio?”

O talento de cada uma das pessoas que atuava naquele palco é indiscutível, e a cada novo diálogo mais questionamentos e mais “respostas” surgiam através dos meus próprios pensamentos e, com certeza, dos pensamentos de outras pessoas que presenciaram a estreia daquela encenação.
Apesar das lágrimas que insistiam em correr, também pude dar boas risadas, já que aquela história, assim como todas as outras histórias de amor e como as nossas vidas, alterna bons e maus momentos!

Mais uma vez, tive a certeza de que o “seja eterno enquanto dure” deve ser uma máxima para todos os casais de enamorados, que precisam saber curtir todos os momentos em que estão juntos. Ah, e o “que seja eterno enquanto dure” também vale para os amigos, que precisam superar fases ruins e aproveitar fases boas da vida, que pode ser mais breve do que imaginamos, do que sonhamos.

Espero que você também tenha o prazer de assistir à esta peça, e que aproveite o momento para pensar sobre amor, ódio, amizade, família, entrega, enfim, sobre os sentimentos e pessoas que fazem parte das nossas vidas! É uma oportunidade diferente de colocar os sentimentos em questão e de valorizar mais quem está conosco... É uma chance de entender a importância de cada sentimento não apenas para nossas vidas, mas também para o andamento do mundo.

Romeu e Julieta, a peça, tem o poder de fazer-nos entender que se o amor pode levar à vida, o ódio pode, ao contrário, levar à morte!

Se eu consegui despertar em você a vontade de ver a peça e se você está em Curitiba, não perca tempo. Acesse o site

http://www.descubracuritiba.com.br/?s=teatro&ss=peca&id=1266
e encontre o melhor horário para você ver de perto a história mais dolorosa que já se viu. A história de Julieta e seu amado Romeu.

Para quem não está na capital paranaense basta torcer para que um dia sua cidade tenha a honra de receber essa adaptação do eterno caso de amor entre um Montecchio e uma Capuleto, recontada de forma única.

Obrigada pelo espaço, amor meu!

segunda-feira, 16 de março de 2009

Qual é o limite da Igreja Católica?


Após milhares de anos de anos de uma briga que se destina a ser eterna, cientistas e religiosos ainda duelam, sempre buscando chegar à verdade absoluta. Cada qual com sua razão, as discussões atravessaram séculos e, com frequencia, nos deparamos com novas descobertas cientificas e feitos, supostamente divinos.

Os religiosos, que creem em Deus como a verdade absoluta, lutam para manter seus ideais e crenças, muitas vezes polêmicas, como o caso que presenciamos recentemente da menina de 9 anos que após ser estuprada e engravidada por seu padrasto, sofreu aborto em função dos altos riscos da gravidez. O arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, condenou a ação proposta pelos médicos e os excomungou da Igreja, junto com a mãe da menina, mesmo ciente de que os riscos para a criança eram evidentes.

Um país com maioria absoluta de católicos passou a questionar a postura da igreja. O caso ganhou a mídia e, de muitos lados, o arcebispo foi criticado.

Afinal, o que é mais importante: preservar uma futura vida? Ou a que já existe?

A menina não teve culpa do que aconteceu, tampouco sua mãe e os médicos. Mas ainda assim o aborto foi condenado pelo arcebispo. Aí questionamos: até que ponto, no mundo em que vivemos, a Igreja pode se mostrar superior a verdade do homem e da sua realidade sócio-político-econômica? Até que ponto as crenças religiosas da maior parte dos brasileiros são coerentes?

A verdade racional nunca se contrapôs tanto à verdade divina. Vivemos o tempo de mudanças religiosas? Afinal, quem tem razão: o arcebispo ou os médicos? A religião ou a ciência?


Foto: Cementerio de la Recoleta - Buenos Aires

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Era uma vez...


O romance proibido entre o menino pobre e a mocinha rica, a dama e o vagabundo e a branca e o negro já foram temas de muitos filmes ao longo da história do cinema. Por isso, são poucos os que conseguem sair do senso comum ao tratar desse tema. São poucos, mas não são todos.

Indo além, são poucos os filmes que te deixam estarrecido e com aquela sensação de que não poderia ter aproveitado melhor as duas horas ali investidas. Mas e quando um romance consegue sair do senso comum e ao mesmo tempo te deixar estarrecido? Pode-se dizer que é a fórmula perfeita? Longe de meu limitado conhecimento sobre cinema querer dizer que sim, mas assisti a um filme ontem que considero perfeito. “Era Uma Vez”, do diretor Breno Silveira, desde o início deixa a sensação de que algo surpreendente está por vir. A atuação do elenco impressiona a ponto de você se envolver profundamente com a trama. A cada cena eu pensava que em algum lugar aquilo realmente estava acontecendo. Se você está perguntando “aquilo o que?”, se vira. Vai assistir ou ler uma sinopse em algum lugar.

A dura realidade dos moradores do morro do Cantagalo é mostrada através de um olhar tocante, impecável. Impossível não imaginar qualquer outra região periférica desse país naquela mesma situação. Do outro lado, a superficialidade da elite carioca é o retrato da elite curitibana e, provavelmente, da elite de qualquer outra metrópole brasileira. Pessoas arrogantes, protegidas pelos seus carros blindados a apartamentos a beira-mar parecem estar imunes ao tiroteio que se ouve na janela dos fundos do apartamento. Mas no meio dessa mesma elite, a pobre menina rica que tem tudo, menos felicidade. No alto do morro, o rico menino pobre, que não tem nada, senão sua honestidade, vontade de trabalhar e repúdio às tragédias que presencia diariamente na guerra civil imposta pelos traficantes e pela polícia. Duas realidades completamente distintas, separadas apenas por um morro. Em comum, o improvável amor que sentem um pelo outro.

O romance é a versão carioca de Romeu e Julieta. Não é a primeira vez que o clássico é adaptado para a realidade dos nossos dias, mas “Era uma vez” é diferente. É tocante ao mesmo tempo em que é chocante. Te faz sonhar que é possível superar a desigualdade social ao mesmo tempo em que te revolta por saber que no meio dessa luta existe uma polícia corrupta que se considera acima da lei, playboys que só se preocupam com seu carro, surf e suas drogas, traficantes terroristas que matam inocentes, traficantes protetores da comunidade, mas ainda traficantes, o poder público que parece estar alheio ao que deveria ser sua prioridade, a imprensa, cercada de boas intenções assim como o inferno, e nós...com medo e sem saber o que fazer diante de tanta coisa errada.

Foto: divulgação

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Discussão sobre a função do jornalista embasada por um exemplo do cotidiano

Muito se discute a beleza e complexidade da língua portuguesa. Muitos a vêem como uma monstruosidade impossível de aprender. Outros a veneram e adoram fazer uso de palavras difíceis para impressionar. Certos ou errados, cada lado tem sua razão, mas o que desejo aqui é entrar no assunto: palavras complexas e jornalismo.

A capa da Carta Capital do dia 22/10/08 traz uma matéria alusiva à crise financeira. Até aí tudo bem, mas uma chamada me chamou muito a atenção:

Berlim 1989: soçobra o socialismo real

Quando li essa manchete no fim de tarde de ontem, no Parque Barigui, pensei: “mas que porra é essa? Como é que uma revista informativa coloca uma palavra absurda dessas em uma chamada de capa”?

Por um bom momento cheguei a pensar que havia ocorrido um tremendo erro ortográfico. Fiquei na dúvida até a chegada de minha namorada e um amigo. Mostrei a revista a eles e os dois também não tinham a menor idéia do significado de “soçobra”. Detalhe que os três são estudantes de jornalismo. Na teoria deveríamos saber, não? Até pode ser! Ou não?
Bom, isso é papo pra discussão quase filosófica que é falar sobre os prós e contras da língua portuguesa. Enfim descobrimos, através de uma ligação para a sogra, que a tal “soçobra” de fato existe. Tem algo a ver com naufragar, perturbar, subverter ou aniquilar.

Hoje levei a revista para o meu trabalho e mostrei para meu chefe que já foi editor de várias revistas e ainda atua no ramo. Ele também não conhecia a palavra e achou muito errado por parte da Carta colocar uma palavra tão bisonha em uma capa. Como editor, ele entende que isso pode ser um grande ruído na comunicação. E de fato, é. Tenho certeza que muita gente, assim como eu e meus colegas aspirantes a jornalistas, ficou na dúvida sobre o real significado da palavra.

Ainda insatisfeito, fui falar com as meninas do departamento de revisão da Editora em que trabalho. Mostrei para três delas que mais uma vez não conheciam a palavra. Enfim, a discussão rendeu.Mas no fim de tudo isso, passado o choque e o sentimento de ignorância por não conhecer a palavra, cheguei a conclusão de que foi muito válida a utilização da palavra na capa da revista, afinal, fez com que eu tivesse que ir atrás da informação. Você pode ver isso como algo ruim, afinal, é dever do jornalista “traduzir” as notícias de forma que fique claro para o leitor, mas também é dever dele contribuir para o desenvolvimento das pessoas, do país e do mundo. E a Carta conseguiu isso. Ensinou uma nova palavra à pelo menos sete pessoas (que foram as que discuti o assunto) e fez com que uma grande discussão fosse feita.

Pra mim é esse o real sentido do jornalista: Promover a cultura e gerar discussão.

Parabéns para a equipe do Mino Carta por não soçobrar a cultura de seu leitor

A polêmica do cigarro

A presença da Souza Cruz no Diálogos Universitários, realizado em março na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) acendeu uma polêmica. Pelo menos pra mim! A publicidade de cigarros está proibida no Brasil desde 2000, mas parece que o evento patrocinado pela empresa que comercializa cigarros passou batido pelas autoridades. Tudo bem que não era o Free ou o Carlton que estampavam os cartazes e banners do evento, mas ainda sim, me senti imensamente invadido por ver a marca Souza Cruz inserida no meio universitário, onde obviamente tem milhares de clientes em potencial.

O artigo 3º da Lei Federal nº 10167, de 27 de dezembro de 2000, nas cláusulas IV,V e VIII diz que são proibidos:

IV - a realização de visita promocional ou distribuição gratuita em estabelecimento de ensino ou local público;

V - o patrocínio de atividade cultural ou esportiva;

VIII - a comercialização em estabelecimento de ensino e de saúde.

Não presenciei nenhuma ação que remetesse à claúsula VIII no evento, mas asseguro que é frequente a visita de promotores de venda devidamente uniformizados, nos corredores da UTP.

Agora, voltando tema central, entendo que o evento era uma boa oportunidade para os estudantes, mas toda essa situação é no mínimo incoerente. Há pouco tempo, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade promoveu um evento patrocinado pela cerveja Nova Schin. Cartazes foram feitos e distribuídos pelo campus e imediatamente vieram ordens da instituição para que fossem retirados. Afinal, existe uma lei que proíbe a publicidade de bebidas em estabelecimentos de ensino. Lei que por acaso, é a mesma comentada há pouco. Hipocrisia? Interesse? Falta de bom senso? Tire suas conclusões.

No dia do evento já estava muito incomodado com isso, com a proibição imposta para filmar ou tirar fotos da palestra e com o fato de o palestrante Nelson Motta não ter atendido os alunos de jornalismo que quiseram entrevistá-lo antes do evento. Mas tudo bem. Sentei e procurei acompanhar a palestra.

Lá dentro avistei a produtora do “Diálogos”, que é funcionária da Souza Cruz e fui falar com ela. Perguntei se não achava incoerente uma empresa que comercializa cigarros estar patrocinando um evento dentro de uma universidade. Ela me olhou, parecendo ofendida e surpresa com o questionamento e respondeu perguntando se em algum momento eu havia os visto falarem de cigarro. Falou sobre as ações sociais e sustentáveis promovidas pela empresa e que ela não tinha culpa pelas pessoas fumarem.

Realmente um discurso lindo. Muito próximo da resposta que obtive deles pelo comentário que fiz na pesquisa de satisfação distribuída no dia da palestra, em que falei justamente sobre não concordar com a presença deles ali.


"Prezado João,

”Comercializar legalmente cigarros é uma atividade lícita e a missão da Souza Cruz é fornecer produtos de qualidade a adultos que escolheram fumar, cientes dos riscos associados ao hábito. A Companhia compreende as preocupações públicas relativas a seus produtos e desempenha historicamente um papel exemplar e socialmente responsável em um ramo de atividade altamente tributado e regulado, além de ser um grande investidor em ciência e tecnologias, em busca de minimizar o impacto de seus produtos à saúde de seus consumidores.”

Equipe Diálogos Universitários


Ao mesmo tempo em que a Souza Cruz “discretamente” faz sua publicidade, o Ministéro da Saúde estima que 200 mil pessoas morram por ano no Brasil, em função de doenças relacionadas ao fumo.
O que fazer diante de uma situação dessas? A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a melhor saída é elevar as alíquotas de imposto para o produto. Fato que o Ministério da Saúde até tentou fazer, segundo matéria publicada no Folha Online, mas foi barrado porque a Receita Federal acha que isso iria aumentar o contrabando. Ora, porque não assinam de vez o atestado de incompetência para controlar as fronteiras?! Já sei... é muito mais fácil deixar o preço baixo e diminuir o contrabando, do que aumentar o preço e salvar vidas.