quinta-feira, 5 de junho de 2008

The Dumbest Generation

A Ilustrada da Folha de S. Paulo do último dia 02 apresentou uma matéria interessante. Com o título “A internet me deixou burro demais”, fala sobre o lançamento do livro The Dumbest Generation, do norte-americano Mark Bauerlein.

No livro, Bauerlein afirma que a internet está emburrecendo a juventude. Para o autor, a grande quantidade de informação disponível na rede faz com que os jovens percam o interesse pela leitura. Em entrevista à Folha, diz que os jovens praticamente não lêem. “Com toda a informação disponível on-line, como nunca antes na história, eles preferem dedicar uma quantidade inacreditável de tempo a vasculhar vidas alheias e a expor as suas próprias em redes de relacionamento como o Facebook e o MySpace". No livro ele fala sobre os jovens yankees, mas impossível não trazermos essa realidade para nosso país.

Outro dia li em algum blog algo interessante. O cara falava para você entrar numa lan house e observar que tipos de sites que o brasileiro acessa. Não precisa nem fazer o teste, não é mesmo!? Em meio a um universo sem limites de informação e conhecimento, o brazuca prefere “se dedicar” a vasculhar a vida alheia e navegar por comunidades bizarras Orkut adentro.

Um ponto que me chamou a atenção na matéria é que Bauerlein acredita que a leitura não linear que a internet oferece (e aí falamos de hyperlinks) seria um dos motivos que fazem com que o jovem deixe de se aprofundar na leitura. E isso é realmente verdade. Ou vai dizer que você não costuma se perder por aí com a infinidade de hyperlinks pedindo seu clic?

O livro levantou uma grande polêmica na terra do Tio Sam. O autor recebeu várias críticas, tanto de adolescentes revoltados, quanto de críticos. Ele defende-se falando que “a discussão não é sobre as ferramentas da internet em si, mas sobre seu uso. Quando um cientista diz que a tecnologia desafia as mentes e torna as pessoas mais espertas, ele está falando do MySpace? Ele sabe que os adolescentes passam muito mais horas em redes sociais do que estudando?”

A opinião de Bauerlein segue a mesma linha de raciocínio de Umberto Eco, que, em entrevista ao caderno Mais! da Folha disse que “a abundância de informações sobre o presente não lhe permite refletir sobre o passado. Quando eu era criança, chegavam à livraria talvez três livros novos por mês; hoje chegam mil. E você já não sabe que livro importante foi publicado há seis meses. Isso também é uma perda de memória. A abundância de informações sobre o presente é uma perda, e não um ganho”.

Mas há quem discorde que esse excesso de informação é prejudicial. Steven Johnson, um dos maiores pensadores do ciberespaço, concorda que estejamos perdendo a memória, mas não vê isso como algo ruim, e sim, como uma adaptação à nova realidade em que vivemos. "Pode ser verdade que estejamos nos tornando mais dependentes de extensões on-line para nossos cérebros e nossa memória simplesmente porque há muita informação disponível, mas isso não é necessariamente uma coisa ruim. Estamos adaptando nossas habilidades à capacidade de lidar com essas informações".

Razão, creio que os três tenham. Cada qual com seu ponto de vista. E isso me lembra a teoria do Perspectivismo que li recentemente. É bem simples e também regra básica do bom jornalismo, mas que nem sempre é lembrada e cumprida. Nietzsche diz que é preciso considerar as diferentes versões de uma mesma situação para, então, determinar o que considera verídico. Se realmente vai ser a verdade, não há como dizer. Até porque a verdade única não existe, mas ao menos você estará preparado, fundamentado e com argumentos para defender suas idéias. Coisa que anda faltando para nós ultimamente.

Feche esse Orkut e vá ler um livro!



Se você for assinante da Folha ou do Uol pode ler as matérias citadas no post, nos links abaixo:

A internet me deixou BURRO DEMAIS!

O professor aloprado

Especialista discorda e vê "progresso"



No vídeo abaixo, Mark Bauerlein concede uma entrevista sobre o livro.